sábado, 31 de maio de 2008

NEOs e NEAs

Comet West 1975
Neste blog utilizamos as siglas NEO (Near Earth Object = Objeto Próximo à Terra) e NEA (Near Earth Asteroid = Asteróide Próximo à Terra) de forma equivalente. E embora são quase a mesma coisa, no fundo têm algumas diferenças.

NEO é qualquer objeto cuja órbita se aproxima do Sol a uma distância menor de 1,3 UA*, em termos astronômicos, seu perihélio q ≤ 1,3 UA. Os NEOs mais comúns são os cometas de periodo curto, como o Halley† cujo q=0,35 UA. Um cometa tem um núcleo de gelo (ou neve) sujo que quando se aproxima do Sol, sublima-se e forma uma nuvem brilhante chamada coma, e uma longa cauda. Na figura ao lado, obtida por Peter Stättmayer para a ESO em 1975, vemos a espetacular cauda do cometa West.

Os asteróides têm um núcleo metálico ou rochosso e não possuem a camada de gelo, portanto não produzem a coma nem a cauda. A maioria tem uma órbita menos excéntrica que a dos cometas. É interessante conhecer a origem da palavra asteróide que vem de aster = estrela. Os primeros asteróides observados, a fins do século XVII, parecíam realmente estrelas aínda para os telescópios mais poderosos de sua época, seu rápido movimento no céu os distinguia destas e por isso Friederich Wilhelm Herschel, o maior astrônomo daquele tempo, propôs diferencia-los dando-lhes outro nome que literalmente significa estrelóides ou quase estrelas‡. Os asteróides também são chamados de planetas menores, embora hoje em dia a União Astronômica Internacional (IAU) recomenda o termo pequenos corpos do sistema solar. A recomendação veio depois da criação da categoria de planeta anão para designar a Plutão. Quando o asteróide tem un tamanho menor que 10 m é chamado meteoróide e ao cair na Terra produz uma estrela cadente.

Retornando ao tema desta entrada, os NEAs são asteróides que formam um subgrupo dos NEOs, quer dizer que seu q ≤ 1,3 UA, mas talvez são mais perigosos por terem uma órbita menos excêntrica e assim ficarem mais tempo perto da Terra. Estima-se que existem uns 1.000 NEAs com um tamanho maior que 1 km cuja colisão com a Terra liberaria mais de 70.000 Megatons ameaçando a vida na Terra de forma global. Destes, 800 já foram descobertos e suas órbitas determinadas. O número de NEAs com tamanho de 100 m ou mais é estimado em 200.000. A colisão com a Terra de um destes liberaria 100 Megatons de energia. Para comparação, a bomba de Hiroshima foi 1.000 vezes mais fraca. Os NEAs são subclassificados nos grupos: Atenas, Apolos e Amor. Na foto acima, vemos o asteróide (253) Matilde, de 60 km de diâmetro, tomada desde a sonda NEAR a 2400 km de distância em junho de 1997.

Em uma entrada futura falaremos sobre como pode ser desviada a rota de um NEA. E também do interés que têm para a astronomia como objetos de estúdio além do perigo que representam.

* UA = unidade astronómica, equivalente à distancia média Terra - Sol e de valor igual a 150 106 km.

† Edmond Halley (1656-1742) foi quem percebeu que o cometa observado em 1682 era periódico e retornaría em 1758. Seu contemporâneo e amigo Isaac Newton (1643 - 1727) utilizou por primeira vez sua Teoria da Gravitação sobre o cometa e assim mostrou a correção de seus cálculos.

‡ Uma historia semelhante têm os Quasars = quasi stellar objects. Quando foram descovertos pareciam estrelas, dai o nome. Hoje sabemos que são galáxias de núcleo ativo muito distantes de nós.

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