sábado, 3 de maio de 2008

A Escala de Torino

Falamos bastante sobre Apophis e suas possibilidades de colisão com a Terra, o asteróide que alguma vez foi Torino 4 e agora é Torino 0. De fato este Blog chama-se Torino 0 e é simbolizado pelo gráfico que representa a Escala de Torino, mas ainda não explicamos o que é, o que mede e para que serve a tal da escala. Vamos agora discutir as ideias básicas.

Quando queremos caracterizar a colisão entre um objeto próximo à Terra ou NEO (do inglês near Earth object, também é usado NEA= near Earth asteroid ) devemos considerar dois aspectos. Por um lado a energia que poderia liberar na colisão, por outro a probabilidade de que a colisão venha de fato a acontecer. A energia a liberar é simplesmente a energia cinética do asteróide (lembrem, é a metade da massa vezes a velocidade ao quadrado). Em média todo asteróide que passa perto da Terra tem a mesma velocidade (porque ela depende de sua distância ao Sol maiormente) e como também todos têm densidades semelhantes, sabendo o tamanho (para calcular o volume) é suficiente para termos uma ideia da energia a ser liberada. O tamnho se converte então em um proxy da energia. Respeito ao segundo aspecto, por qué fala-se em probabilidade se a astronomia ou melhor a mecânica celeste são ciências exatas? É que os objetos pequenos têm órbitas complexas ao sofrer mais da influência de muitos objetos, não apenas do Sol e planetas maiores. Outro inconveniente é que sendo muito pequenos são difíceis de observar. Somados ambos os fatos dão que suas órbitas calculadas não são traços finos mas bandas que indicam a probabilidade por onde eles poderiam passar. A medida que o tempo passa, muitos dos parâmetros orbitais são melhor conhecidos, a banda vai estreitando e então pode prever-se sua órbita con maior precisão.


Na figura ao lado, reproduzida da Wkipedia, temos a Escala de Torino completa. No eixo horizontal (abscissas) está a probabilidade do impacto acontecer, enquanto que no eixo vertical (ordenadas) do lado externo, é a energia cinética do objeto e do lado interno o tamanho. Para faze-la mais visual, a escala foi dividida em 11 setores, numerados de 0 a 10 e a cada setor lhe foi assignado um nível de importância qualitativa e uma cor para indicar sua periculossidade. Notar que muitas importâncias (rating em inglês) têm uma distribuição em diagonal, sendo que 0 pode representar tanto um objeto grande sem probabilidade de colisão quanto um objeto tão pequeno que apesar de ter 100% de chances de chocar com a Terra não traria dano nenhúm. Até agora, do meu conhecimento, Apophis foi o NEO que teve o nível mais alto, gerando um alerta amarelo. Quando o conhecimento de sua órbita melhorou, voltou à região branca da escala. Hoje em dia, dos 190 asteróides próximos vigiados pela NASA, apenas um, o 2007 VK184 é Torino 1.

Um caso estranho é o asteróide 1950 DA, descoberto no ano de 1950, desaparecido e reencontrado em 31 de dezembro de 2000*. A órbita deste asteróide é muito bem conhecida e por isso pode ser prognosticada con muita antecipação. Pois bem, em 16 de março de 2880 o asteróide fará uma passagem muito próxima à Terra, con uma chance de 1 em 300 de colisão. Este é um dos primeiros candidatos a ser removido, quando acharmos uma tecnologia eficiente. Para mais informações sobre 1950 DA, visitar o site da NASA.

Não vamos nos extender detalhando cada um dos níveis de importância da Escala de Torino, podem acha-las aqui. No entanto vamos comentar as unidades de energia utilizados na escala, os Megatons (MT). Um megaton equivale à energia liberada por uma bomba de un milhão de toneladas de TNT ou 1015 Joules. A bomba de Hiroshima liberou uns 10 kilotons, ou seja um centésimo deste valor aproximadamente†.

A Escala de Torino foi criada por Richard P. Binzel do MIT, apresentada em 1995 e revisada em ocasião de uma conferência na cidade de Turím‡ em 1999 de onde deriva seu nome. Existe outra escala mais precisa, porém também menos gráfica e que recebe o nome de um outro lugar conspícuo na península italiana, Palermo.


* Uma extranha coincidência lhe dá uma aura especial. Foi reencontrado na última noite do milênio 1000 e exatamente 200 anos depois da descoberta do primeiro asteróide entre Marte y Júpiter, hoje conhecido como Ceres.

A comparação nem sempre é correta porque os danos causados por uma explosão nuclear vão além da energia liberada subitamente, e envolvem a radiação ionizante que destroi a vida e seus efeitos perduram por muito tempo.

Eu preferi manter a escrita italiana para a cidade, por isso é Escala de Torino e não Escala de Turim.

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