sábado, 10 de maio de 2008

Raios que Nublam (ST)

Sabemos que as núvens são produzidas pela condensação do vapor de água na atmosfera. E que o vapor se forma pela evaporação das aguas da superfície terrestre. No entanto, para o proceso ter sucesso são necessários muitos núcleos de condensação, pequenas partículas chamadas aerossóis, sem elas la umidade pode atingir até um 500% sem que o vapor se transforme em água.

Na década de 1970, R. Dickinson especulou com que os raios cósmicos poderiam aumentar o número de núcleos de condensação e portanto favorecer a formação de núvens. A ideia é simples: os raios cósmicos ionizam o ar tornando-o mais efetivo para gerar núcleos de condensação. Assim quantos mais raios cósmicos, mais núvens.

Qué são, de onde vêm os raios cósmicos? São partículas subatómicas (elétrons, néutrons, prótons, também podem ser íons como as partículas α) que têm muita energia e por isso, são capazes de ingressar na baixa atmosfera terrestre. Ali ionizam os gases que se tornam centros de nucleação dos aerossóis que em definitiva produzirão a condensação do vapor. Ionizar significa cambiar o balanço de cargas da matéria, normalmente néutra. Desta manera o ar torna-se positivo ou negativo, o que lhe dá uma força de atração que os núcleos néutros não possuem incrementando sua efetividade. Os raios cósmicos mais energéticos são produzidos durante explosões de estrelas chamadas Supernovas, alguns vêm de fora de nossa galáxia. O Sol as vezes cria raios cósmicos, embora de menor intensidade. Existe uma relação bem conhecida que mostra que quando o Sol aumenta sua atividade, diminuem os raios cósmicos galáticos e extragaláticos. Isto explica-se através do vento solar, cuja intensidade aumenta com a atividade do Sol. Quando o vento é muito intenso, consegue desviar de seu caminho muitos raios cósmicos externos fazendo de escudo e, apesar de que também aumenta o bombardeio dos raios cósmicos solares, estes têm menor energia e seus efeitos são menores.

Então o ciclo é: menor atividade solar, maior intensidade de raios cósmicos, maior quantidade de aerossóis e maior quantidade de núvens. Em 2000 um estudo feito por Marsh e Svensmark mostrou esta relação de forma muito clara, porém posteriormente a metodologia utilizada foi questionada.

A quantidade de núvens é importante como fator de mudança climática porque aumenta a reflexão da luz solar e assim diminui a quantidade de calor que chega à superfície da Terra o que resulta em uma redução da temperatura*. Aparece assim uma conexão entre atividade solar e clima terrestre que, embora indireta, pode chegar a ser muito efetiva. Os meteorologistas afirmam que a conexão entre raios cósmicos e formação de núvens aínda deve ser demonstrada já que os modelos teóricos não são completos e os estudos estatísticos insuficientes.

O debate está aberto. Entretanto, é importante ver a história da Terra em sua totalidade. Não podemos esquecer que uns vinte mil anos atrás, a temperatura média do planeta era vários graus mais baixa que a atual. A razão disto é aínda discutida, mas sem dúvidas não teve origem na incipiente atividade do ancestral do homem.

* Existem núvens que criam o efeito contrário porque aprisionam o calor emitido pela Terra e então incrementam o efeito estufa. Que uma núvem seja de um tipo ou de outro, depende de sua altura, tamanho e do estado da água dentro dela: líquido ou sólido.

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