quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Como eliminar um asteróide

Voltamos ao tema do nosso Blog: os asteróides e seus perigos. Vamos ver uma série de técnicas para evitar que um NEA colisione com a Terra. E a primeira que vem em mente é simplesmente enviar un foguete para colocar uma carga de bombas termonucleares e fazé-las esplodir destruindo o asteróide completamente. A ideia é muito atrativa. A vimos apresentada no filme Armagedón, no qual o Bruce Willis vai até um asteróide de grande tamanho, que vem em direção da Terra, para depositar uma carga nuclear e destrui-lo.

Não apenas os roteiristas de Hollywood pensaram nesta solução. Ao parecer os desocupados da Guerra nas Estrelas, (Iniciativa de Defesa Estratégica) também acharam que poderiam redirecionar suas pojetadas armas contra um alvo tanto ou mais destrutor que o potencial nuclear soviético. Mas a verdade é que o remédio pode ser mais perigoso que a doença. Ao explodir um objeto en vôo, os pedaços remanentes seguirão a trajetória original, um pouco mais espalhados, claro. Também terão massas menores, embora ninguém pode predizer com precisão o quão pequenas elas serão. Portanto é provável que muitos, dezenas ou milhares, de fragmentos acabem ingresando na atmosfera terrestre e atinjam o solo produzindo considerável dano. Até o dia de hoje não sabemos muito bem como é a conformação de um asteróide. Sua densidade, sua química, etc. Isto complica extremamente o cálculo do resultado da explosão do mesmo. Por esse motivo, a solução final, a mais obvia, é também a mais perigosa.

Infelizmente os lobbies das grandes firmas de armamento mantêm a proposta viva apesar de todos os argumentos em contrário que apresentaram os cientistas em audiências públicas no Congreso dos EUA.

As melhores soluções consistem no desvio do NEA de sua órbita para coloca-lo em outra que não represente perigo nenhúm para a Terra
. Disso falaremos em futuras entradas.



terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ciência e Paz

Esta entrada não trata precisamente sobre asteróides. Nem sobre atividade solar e clima terrestre. Mas, se tratando de um blog, podemos dar-nos a liberdade de cambiar, uma única vez, o foco. Sobre tudo se é para comemorar.

Vinte anos atrás, em Buenos Aires, um grupo de alunos de ciências, maiormente de física, lideraram um movimento para criar um juramento que comprometesse aos formandos com os fins pacíficos do uso da ciência. Nascia assim o Juramento de Buenos Aires (tradução minha):

Juramento de Buenos Aires

Ciente de que a ciência, e em particular as suas aplicações, podem trazer prejuizos à sociedade e ao ser humano quando se encontram ausentes os controles éticos adequados, comprometo-me firmemente a nunca aplicar minha capacidade como cientista a fins que possam lesar a dignidade humana, guiándo-me pelas minhas convicções pessoais, baseadas em um auténtico conhecimento das situações do meu entorno e das possíveis consequencias dos resultados que se derivariam de minha labor, não antepondo o lucro ou o prestígio, nem submetendo-me aos interesses dos empregadores ou dirigentes políticos. A pesquisa científica que eu dessenvolver será para benefício da humanidade e em favor da paz.

O Juramento foi ideado durante o Simpósio, Cientistas, Paz e Desarmamento, organizado pela Comissão de Astrofísica da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires e pela própria Faculdade, e recebu apoio financeiro da UNESCO e muitas outras instituições internacionais. O Simpósio foi um grande sucesso. Dezenas de pesquisadores da URSS, EUA, Europa e América Latina (vários representantes do Brasil), expuseram entre 11 e 15 de abril de 1988 seus pontos de vista sobre a reponsabilidade dos cientistas no uso do conhecimento. Muito foi debatido o chamado Inverno Nuclear, e a Guerra nas Estrelas (Iniciativa de Defesa estratégica) de R. Reagan. As exposições foram editadas no livro International Symposium on Scientists, Peace and Disarmament. Um par de anos depois o Juramento foi adotado pela Faculdade e hoje em dia 90% dos formandos o escolhem tornando público seu compromisso com a sociedade e a paz.

Falta dizer que eu pertencia à Comissão de Astrofísica, um grupo de estudantes que buscava fomentar, divulgar e ampliar as possibilidades de estudar astrofísica em nossa Faculdade.

No plano pessoal, o Simpósio me deixou grandes amigos, muitas histórias para contar e uma inenarrável felicidade, cujo pálido reflexo pode se ver na foto abaixo.




Parte da Comissão de Astrofísica, numa pausa durante a discusão do Juramento de Buenos Aires.
De esquerda para direita: Sérgio Santini, Paula da Cunha, eu, Marcelo López, Andrés Schuzny, Agnès Patterson, Gabriela Bagalá e Guillermo Lemarchand. (A pequena cabecinha que aparece entre Andrés e eu, acho que pertence a Gabriela Marani.)