terça-feira, 2 de junho de 2009

Vulcanismo e Extinção em massa

Como já comentamos em outras entradas, a hipótese de que as extinções em massa foram provocadas pela queda de gigantescos meteoritos convirtiu-se nas últimas duas décadas em lei. No entanto a ciência, como foi dito, está sempre exposta ao mecanismo da prova e suas conclusões podem a qualquer momento ser revistas.

Numa entrada anterior comentamos sobre um trabalho que nega a relação entre a cratera de Chicxulub e a extinção dos dinossuaros. Um novo artigo, publicado na revista Science na sexta feira passada, vai na mesma direção ao encontrar novas evidências de que uma extinção em massa que aconteceu há 260 milhões de anos, no fim do período Pérmico, teria sido provocada por uma atividade vulcánica inusual.

O trabalho, Volcanism, Mass Extinction, and Carbon Isotope Fluctuations in the Middle Permian of China, (Vulcanismo, Extinções en Massa e flutuações de isótopos do carbono no Pérmico Médio de China) de Paul B. Wignall e colaboradores (Science, vol 324, pag 1179, 29/05/2009) foi realizado em base a registros estratigráficos obtidos na China, nas provîncias de Sichuan, Yunnan e Guizhou (onde o ano passado um sismo de singular força matou a decenas de milhares de pessoas) e basicamente comprovam a proximidade espacial e temporal dos dois fenômenos: uma intensa atividade vulcánica e a extinção de um grande número de especies. Para os autores a cercania de ambos os eventos é uma prova da relação causa efeito.

A extinção do Pérmico (ou também chamada extinção guadalupiense) foi uma das mais severas. As estimativas atuais são de que apenas um 5% do total de especies sobreviveu, enquanto que nas demais extinções massivas, só foi dizimado um 50%. Embora por anos a única causa apontada foi uma prolongada atividade vulcánica, em 2006 foi encontrada uma grande cratera na Terra de Wilkes (Antártica) que apoia a ideia de que a queda de um enorme meteorito causou um distúrbio sísmico severo. No entanto a extinção aconteceu durante um período muito prolongado, então um evento explosivo não poderia por sí só explica-la.

Mais evidências são necessarias, embora tudo indica que a Terra se convirtiu por milhões de anos num local muito pouco confortável para se viver. Apesar disso, a vida continuou, talvez porque, como disse o George Stewart, A Terra Permanece.