Atualmente passamos por um periodo de mínima atividade solar. Isso significa que não temos manchas sobre a superfície do Sol, nem fenômenos explosivos. Isto é esperado. Uma forma de visualiza-lo é por mio dos gráficos abaixo. São valores da radiação solar observada em raios X por detectores a bordo de satélites em duas frequências diferentes, por isso as duas cores. Esta medição funciona como uma espécie de eletrocardiograma do Sol que nos mostra sua atividade. No primeiro temos o Sol nos últimos dias do ano de 2001 durante seu máximo de atividade. Cada súbida representa um fenômeno violento, uma explosão. O Sol parece pulsar.
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Abaixo o Sol em três dias de julho de 2008. Uma reta plana. Um sol calmo, muito calmo.
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Esse comportamento é esperado. O Sol passa por estes altos y baixos. O curioso deste ano é que a calma está durando demais porque em períodos de mínima atvidade o Sol mostra, de vez em quando, uma explosão que outra, liberando menor energia que nos períodos de máxima, mas deixando ver que está, apenas, cochilando. O seguinte é um gráfico de julho de 1996, momento do mínimo solar anterior.
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Uns dias depois desta data, o Sol caiu em letargia. No entanto, seu descanso durou apenas uma semana. O que me chama a atenção do mínimo atual é que temos que retornar até abril, três meses atrás, para encontrar algumas formas de atividade. Pode ter implicações para o clima na Terra? Ninguém sabe.
Contudo, sabemos que entre 1640 e 1700, pouco depois que as manchas solares foram descobertas (porém ainda não se tinha notado a existência de um ciclo) a atividade solar diminuiu ao mínimo. Esporádicas manchas foram observadas durante esses 60 anos. Ao mesmo tempo, os invernos europeus tornaram-se muito rudes, o frio congelou rios como o Tamisa em Londres. Esa época é chamada de Mini Idade de Gelo e ninguém pode encontrar uma explicação, além da coincidência com a carência de atividade solar prolongada.
Estamos nas portas de uma Mini Idade de Gelo? Impossível saber agora. Se isso viesse a acontecer seria fascinante desde um ponto de vista científico. Dedicamos mais de 100 anos ao estudo do Sol Ativo. Esta seria uma oportunidade única de analizar as causas e consequências da baixa atividade solar. Desde o ponto de vista sócio econômico seria benéfico porque contrabalançaria o aumento de temperatura superficial terrestre. Mas seria negativo no sentido de desestimular as necessárias reformas de uma sociedade que frenéticamente se lanzou a esbanjar energia.
Seja como for, a Natureza, por sorte, acostuma a nos presentear com surpresas. Ficamos atentos.